COISAS QUE ME CONTARAM CRONICAS QUE ESCREVI

DE VOLTA ÀS "COISAS QUE ME CONTARAM" E "ÀS CRÔNICAS QUE ESCREVI"

Lançado, em .. de 1978 – lá se vão 44 anos! – na Câmara Municipal de Uberaba, onde foi saudado pelo vereador José Osório Guimarães, Coisas que me contaram, Crônicas que escrevi se abriu para novas pesquisas que se começaram a fazer nos campos da memória e da história da cidade e da região. O livro não era uma obra “em si”, isto é, não fora produzido para tal, mas o título abraçava o alinhamento dos diversos assuntos ali assentados. Abria-se com o Desemboque, que logo se tornaria conhecido no merecido âmbito regional e nacional, para Santana do Rio das Velhas, fundada na passagem de Anhanguera, que rumava em direção ao ouro, em Goiás e a imagem de santo Antônio, o mais antigo documento iconográfico de Uberaba, remetente ao tempo do Arraial da Capelinha, anterior ao do sargento-mor Antônio Eustáquio, mas cuja família a preservou, como preciosidade.

Daí os assuntos se multiplicavam, passando pela arquitetura eclética da cidade, sua indústria e seu comércio antigos; a epopeia do zebu, com a conquistas das Índias, a epopeia dos importadores de gado indiano, a agonia dos mascates e a projeção para criação do Museu do Boi (Zebu); a projeção dos primevos cinematógrafos (as primeiras projeções no Teatro São Luís e no Paris Teatro, feitas por companhias paulistas, os cinemas Pathé Cinema, Uberaba Cinema, A Recreativa, Politeama, Alhambra, São José, Capitólio (Cine Royal), bem como os músicos que deram sonoridade ao cinema mudo, tais como Graziela Lopes, Loreto Conti, Renato Frateschi, Antenógenes Magalhães, Joaquim da Bela, Santos do Nascimento, Abdias Ribeiro dos Santos, Rigoleto de Martino, Alberto Frateschi, Antenógenes Silva), que tanto animaria os futuros pesquisadores, como Guido Bilharinho, que nunca deixou de fazer referência à fonte e André Borges Lopes.

os velhos e importantes compositores (os Batutas, os Seresteiros, Rigoleto de Martino, Renato Frateschi, Loreto Conti, João Vilaça Jr.), cujas obras eram pela primeira vez inventariadas e matéria prima para futuros e definitivos trabalhos sobre o assunto, como fez Olga Frange; as manifestações folclóricas (os causos de Sebastiana, a banda da Maria Giriza, o cortejo das congadas e dos moçambiques, a magia da umbanda, rinha de galo), a religiosidade popular (finados, romaria em Água Suja e nossa Festa da Abadia); as manifestações de artistas plásticos como irmã Gertrudes Marker, do mosteiro Nossa Senhora da Gloria, Hélvio Fantato, Maria Hummel)

Na verdade, os alunos colegiais nadaram de braçadas nas Crônicas que escrevi.

Lançado por iniciativa do dr. Edson Gonçalves Prata, um dos mais dinâmicos homens da cultura uberabense, Coisas que me contaram, Crônicas que escrevi, enfeixava artigos publicados no Jornal da Manhã, no período de 20 de julho de 1975 a 2 de outubro de 1977, em ritmo continuado após a publicações. As publicações, de página inteira, se seguiram até…, quando foram encerradas. Mas muito de sua substância se manteve, por décadas, em notas reduzidas, na nossa coluna, depois página, “Jorge Alberto”.

Quarenta e quatro anos passados, o livro retorna, intacto, em formato fac-similar, retroagindo ao tempo em que foi lançado, com o mesmo impacto da capa criada por Demílton Dib, parceiro de longa data.

O tempo avançou e com ele a história, com o surgimento de novos pesquisadores e uma geração de historiadores, que ampliaram – ou não – muitos de seus capítulos, modificando – ou não – dados e informações nele contidas.

Quando à frente do Arquivo Público de Uberaba, Lélia Bruno nos convidou para reeditá-lo, devido ao desgaste dos exemplares lá contidos, dado ao grande interesse de alunos. Recuei da gentileza, percebendo a necessidade de atualizá-lo. E sugeri à gentil presidente da entidade que, no lugar da Crônicas que escrevi, publicasse uma das obras de Guido Bilharinho, como de fato se fez.

Ainda nos cabe registrar que, até o momento em que deixei o Jornal da Manhã, em agosto de 2020, muitos leitores ainda me cobravam a continuidade daquelas reportagens.

Para aqueles que o conheceram, aqui está de volta o livro, com o saboroso passar de páginas, que somente a tecnologia foi capaz de nos presentear. Quanto aos possíveis novos leitores, esperamos que entendam nossa posição de lhes apresentar a obra, na versão original, intocada pelo tempo. Damos-lhes boas-vindas ao futuro do passado – ou passado do futuro? – de Coisas que me contaram, Crônicas que escrevi.

O Autor.